6 de fevereiro de 2016

O regresso


Lançamento: 04⁄ 02⁄ 2016
Dirigido por: Alejandro González Iñárritu
Com Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson e outros
Gênero: Faroeste , Aventura
Nacionalidade: EUA


Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) vai para o oeste americano em busca de peles de animais. Quando é atacado por um urso e fica próximo a morte, é abandonado por seus parceiros de viagem e deixado para morrer no frio. Acontece que Glass encontra forças para sobreviver e faz uma viagem de volta conturbada e sempre à beira da morte iminente. O filme concorre a doze estatuetas do Oscar, inclusive Melhor filme e Melhor ator, honraria que pode chegar às mãos de Leonardo DiCaprio.

O regresso é um filme imerso na megalomania de Alejandro Iñárritu. O diretor mexicano se empenhou bastante em entregar um filme com muitas cenas de violência, bem executadas, mas esqueceu o principal: uma história. A direção de Iñárritu deu total atenção para embates corpo a corpo. Com uma excelente maquiagem e uma ação muito bem dirigida, o filme consegue entregar o que o diretor queria. Porém, falta liga na história. Durante mais de uma hora, o filme insiste em não contar história nenhuma, apresentando apenas cenas de sobrevivência com Leonardo DiCaprio. A falta de enredo é bem expressada pela academia do Oscar que não indicou o filme a categoria de melhor roteiro adaptado.

Não pode-se dizer, no entanto, que DiCaprio não mereça seu prêmio. O ator realmente suou para entregar uma atuação sofrida e pesada, diferente de tudo o que o ator já fez no cinema. A grande questão é: Hugh Glass quase não tem falas. Metade da atuação de Leonardo DiCaprio se deve, principalmente, ao trabalho dos maquiadores, dos figurinistas e da direção de Iñárritu. Entramos na grande questão do cinema atual: o que um ator precisa fazer para receber o Oscar de melhor ator? Não há dúvidas de que Leonardo DiCaprio suou e se sacrificou para receber os prêmios que já acumulou (SAG Awards e Globo de Ouro), no entanto, há pouca atuação na sua performance.

Sendo assim, admitir que DiCaprio não foi ator significa creditar o seu papel aos maquiadores que, realmente, fizeram um trabalho digno de Oscar. O regresso concorre nas categorias de Melhor maquiagem e cabelo, Melhor maquiagem e Melhor fotografia. Essas são as categorias que devem ser realmente creditadas pelo empenho de Leonardo DiCaprio. Em particular, o trabalho dos maquiadores é perfeito e conseguiu imprimir toda a carga dramática que Alejandro Iñárritu tanto esperava passar.

Tom Hardy e Will Poulter são os verdadeiros atores da produção. No entanto, o empenho em dar o Oscar a Leonardo DiCaprio fez com que a atuação, em especial a de Poulter, fosse ofuscada pelo pseudobrilhantismo do ator que concorre ao Oscar. Ainda assim Tom Hardy concorre na categoria de Melhor ator coadjuvante, mesmo sem ser o melhor no elenco.

O regresso não é um filme que ficará na cabeça do público. O risco que a produção corre é de ficar marcado como “o filme que deu o Oscar a DiCaprio” e, por isso, pareça que é um filme marcante, quando, na verdade é apenas uma tentativa de Iñárritu de se mostrar um grande diretor. A trama deixa toda a história muito livre no que diz respeito ao contexto histórico e explora muito pouco a atmosfera de faroeste.

A produção não é, de longe, o melhor filme do ano, apesar de concorrer na categoria. É um filme com muito brilhantismo na técnica cinematográfica, mas que não emociona, não provoca reações, não é uma história. Se desmembrado, O regresso seria facilmente a mesma coisa que já é: um compilado de boas cenas de violência e sobrevivência. O resultado é um filme que prova que, mesmo quando se tem boas cenas, ainda é preciso uma boa história por trás delas.


O regresso ainda concorre nas categorias de Melhor diretor, Melhor mixagem de som, Melhores efeitos visuais, Melhor edição de som, Melhor design de produção e Melhor edição.


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