26 de fevereiro de 2016

Carol

Lançamento: 14/01/2016
Dirigido por: Todd Haynes
Com Rooney Mara, Cate Blanchet, Sarah Paulson e outros
Gênero: Drama , Romance
Nacionalidade: EUA , Reino Unido


Autoras: Sophia e Ninah Braga

Se nos dias de hoje ser uma mulher e amar outra é difícil, imagine numa época como os anos 50. Baseado no livro de Patricia Highsmith, Carol conta a história de duas mulheres neste momento, onde palavras como homossexualidade ou lésbica nem mesmo existam no vocabulário das pessoas. A jovem vendedora Therese (Rooney Mara) nunca imaginou tal coisa até conhecer Carol (Cate Blanchet), quando esta vai até a loja onde Therese trabalha para comprar um presente para sua filha. Algo até então desconhecido desperta na moça e esta decide, apesar das complicações, tentar. 


A delicadeza do filme por inteiro é tocante, mas em destaque nas atuações das atrizes principais, que demonstraram a intensidade do amor sem forçar em momento algum, a única força aqui está nos olhares incendiários e silêncios dolorosamente irresistíveis. Rooney Mara, indicada como Melhor atriz coadjuvante (tendo sua posição como apenas coadjuvante questionável e agravada pelo fato de Rooney carregar nas costas o lendário prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cannes pelo papel), nos faz lembrar que nossa geração tem muita sorte de ter atrizes assim crescendo em tal magnitude, sua composição como a jovem Therese não é menos que memorável. E a divina, já ganhadora da estatueta de melhor atriz e atriz coadjuvante anteriormente, Cate Blanchet, a última atriz clássica ouso dizer, desfilando elegância em mais uma incrível atuação para sua longa lista de trabalhos assombrosos de tão bons, concorre como Melhor atriz principal. O espetáculo em cena nos agraciou com o que possivelmente são as duas melhores interpretações do ano. 


A beleza pelo lado técnico também se vê impecável. Tendo sido, merecidamente indicado nas categorias de Melhor  fotografia, figurino e trilha sonora, composta por Carter Burwell por quem sou extremamente apaixonada há tempos, nos trazem de volta os velhos anos 50 com  nostalgia, vivacidade e uma impressionante riqueza de detalhes.  O sentimento é mesmo que o filme foi rodado naquela época, sem nunca deixar de lado a hipocrisia e a dor que é guardar segredos em uma sociedade tão calcada nas aparências.  Aliás, o filme pode até ter como premissa uma história sobre mulheres lésbicas mas isso nunca é ressaltado ou sequer falado. São duas pessoas apaixonadas, tendo seu conflito vindo do fato de que, aos olhos dos outros, é um amor errado, que deve ser tratado como algo nocivo.  

Com toda a certeza uma obra prima imediata. O cinema precisava e ainda precisa de mais filmes como esse. Comovente, devastador e corajoso. Não é todo dia que se tem uma pequena revolução em um pequeno filme. 

Com 6 indicações ao Oscar, sendo elas:  Melhor trilha sonora (Carter Burwell), Fotografia, Figurino, Roteiro adaptado, Atriz coadjuvante (Rooney Mara) e Atriz principal (Cate Blachet). Mas para ser totalmente franca, isso foi pouco para um filme tão poderoso e de tanta importância. Sem indicação a Melhor diretor para Todd Haynes? E, principalmente, sem indicação a Melhor filme? Por que a falta do merecido sucesso de Carol na temporada de premiações e ainda mais no Oscar? Muitos se perguntaram o porquê de filmes como O Segredo de Brokeback Mountain  terem feito tanto sucesso nesse circuito Oscar e Carol não.  Seria o fato de serem duas mulheres fortes em cena? Ou o mais curioso, o fato de ter uma fagulha de felicidade ao contrário do famoso filme com Heath Ledger?  A homossexualidade então virou um tema onde só é real e tocante quando o casal principal decide nunca mais se ver e ignorar o sentimento? Temos algo no que pensar aqui, não?


Nenhum comentário:

Postar um comentário