29 de março de 2016

A Bruxa

Lançamento: 03/03/2016
Dirigido por: Robert Eggers
Com: Anya Taylor Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie entre outros
Gênero: Terror, Suspense, Drama
Nacionalidade: EUA, Canadá

Na Inglaterra do século 17, uma família é expulsa de seu vilarejo por certas divergências religiosas com a igreja local. O que os leva a vagar por muito tempo a procura de um local propício e afastado para levantarem sua nova moradia. E quando tudo parecia que estava para dar certo, algo inesperado acontece. A família composta pelo pai, a mãe, duas filhas e três filhos perde um de seus componentes. O recém nascido Samuel desaparece misteriosamente próximo a floresta, sem que a filha mais velha, Thomasin (interpretada por Ana Taylo Joy) que estava tomando conta dele notasse. Como era de se esperar, algumas das suspeitas do desaparecimento do bebê caem sobre ela, mas não faz a família deixar de considerar outras possibilidades, como um lobo, ou uma suposta bruxa que viveria na floresta.

Se fosse necessário definir este filme em apenas uma palavra, com certeza ela seria "perturbador". O que é ótimo considerando ser um filme de terror. Provavelmente o melhor filme do gênero feito em muitos anos. Não é o tipo de longa que se esforça em te fazer pular da cadeira. Ele é mais profundo e melhor do que isso. Apesar de que, diga-se de passagem, a edição é bem capaz de dar alguns sustos com seu corte rápido e que o leva para outra cena totalmente inusitada. Este filme trabalha com um terror muito mais psicológico. 

Naquela época a castidade e o fervor religioso tinham níveis extremamente elevados. Em qualquer coisa que fugisse do cotidiano cristão era algo mal visto e possivelmente visto como relacionado ao diabo e magia negra. Então é muito natural que a suspeita de uma bruxa surja no filme. Porém, até certo momento do filme, não há confirmação da existência ou não do sobrenatural. Até lá, é tudo suspeita e cada informação nova o leva a suspeitar de tudo que viu antes. O medo do desconhecido impera sobre os personagens e trás tensão ao público. 

Na maior parte do filme estamos acompanhando a visão de Thomasin da história. E mesmo que sendo a mais velha e receba responsabilidades e pesos diferentes do resto das crianças, ela ainda é jovem e inocente, o que leva cometer erros e infantilidades as quais apenas contribuem para a suspeita de que tenha algo a ver com o desaparecimento de seu irmão mais novo. E é com ela que acompanhamos a transformação do ritmo da história em algo muito mais tenebroso. O suspense se trata de ver o desconhecido, o "mal", agir sobre a família sem eles terem a menor ideia do que está acontecendo. 

Toda a tensão, deve muito ao visual incrível do filme, que foi (nitidamente) muito bem capturado. Uma atmosfera inóspita, onde a luz do Sol mal toca o chão, cercada por uma floresta escura e ainda acompanhada da trilha sonora de composições que horrorizam por si só. É de fato uma obra sensacional, que nos lembra do propósito real de um filme de terror. O gênero (e o filme) não se trata de uma competição para ver quem reage de maneira mais "digna" a cada susto dado na tela. Não é uma forma de enaltecer o ego, mas sim tirar o público de seu conforto por toda uma jornada.


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