Lançamento: 17/ 03 ⁄ 2016
Com Monica Iozzi, Rodrigo
Lombardi, Ramon Campos e outros
Gênero: Animação ,
Família , Comédia
Nacionalidade: EUA
Tendo crescido em uma
fazenda de interior, Judy Hopps (Monica Iozzi) alimentava o sonho de ser
policial desde pequena. Sua família e seus amigos a intimidavam e diziam que
nunca havia tido um policial coelho, mas Judy insistiu em seus sonhos e
tornou-se a primeira oficial coelha de Zootopia. Sem chances dentro do
Departamento de Polícia de Zootopia, a coelhinha recebe um caso que, se ela
resolver, pode fazê-la conquistar a confiança de todos. Para solucionar esse
mistério, ela vai contar com a ajuda de uma presa, Nick Wilde (Rodrigo
Lombardi), uma raposa malandra que pode ou não ser confiável.
Zootopia
retoma o espírito de Walt Disney, construindo com muito brilhantismo uma
história de superação e de perseguição de sonhos. Por melhores que as últimas
animações da Disney estivessem sendo, Frozen
e Operação Big Hero tocavam em
assuntos mais adultos e bem mais pesados. O filme sensação baseado no conto “A
Rainha da Neve” falava do amor que existe entre duas irmãs e de como este
sentimento é mais verdadeiro do que qualquer sentimento romântico. Já a
animação baseada no grupo de heróis da Marvel emocionava com a história de um
garotinho que entra em profunda depressão após a perda de seu irmão e busca por
vingança. Zootopia é um filme da
Disney como há muito não se vê.
Apesar de uma temática
bem antiga, o filme preserva muito do que o estúdio tem construído desde o
lançamento de Enrolados. Não apenas
na questão gráfica, que preserva o traçado tridimensional dos personagens, mas
principalmente no tipo de humor e na dinâmica do roteiro. As viradas de
história, a relação dos personagens e a ambientação tem sido um elemento
bastante recorrente nesta nova fase da Disney. Quanto ao humor, Zootopia recria o ambiente de Operação Big Hero, enchendo seus
cenários de referências a filmes, marcas, produtos e elementos da cultura pop.
Por exemplo, a cantora “Gazelle” (que foi traduzido, em português para Gazela)
uma referência a cantora Adele, personagem que, curiosamente, é dublado pela
cantora Shakira. Outro elemento de humor remonta Frozen, visto que a nova animação
parece cativar um apreço por rir de si mesma, rir dos filmes da
produtora e até mesmo anunciar sucessos vindouros. [Preste atenção a um momento
onde surge um pôster de um filme chamado “Giraffic”, uma referência a adaptação
de João e o Pé de Feijão que a Disney está produzindo e que receberá o nome Gigantic.]
E se você por algum
acaso pensou que Zootopia é só um
filminho engraçadinho e esperançoso, trate de rever seus conceitos. A história
de Judy Hopps fala de algo muito mais sério, fala de machismo e de racismo da
forma mais gráfica que se possa imaginar. Judy é uma coelha que, apesar de
excelente no que faz e de ter sido a melhor de sua turma, é gravemente
desprezada dentro da sua academia e jogada para escanteio, simplesmente pela
descrença de que uma coelha não seja capaz de ser policial. Parece familiar?
Exatamente, uma clara representação de tudo o que as mulheres passam
diariamente em suas jornadas de trabalho. Nick Wilde por outro lado, sofre um
outro tipo de preconceito. Por ser uma raposa, acredita-se que suas
características “biológicas” sejam dignas de desconfiança, e ele incita medo
apenas pela sua aparência. Logo na primeira cena em que surge, uma atendente “elefanta”
se recusa a vender para a raposa e pede que ela saia de seu estabelecimento.
Ora, ora, esse papo de “características biológicas” já foi bastante utilizado
para condenar os negros, não?
Você sabe que o filme é
bom quando tem muito para se falar sobre ele, e, acredite, ainda tem mais. Zootopia apresenta um mundo altamente
conectado em mídias digitais, exatamente como o nosso. Não bastava serem
preconceituosos como nós, os animais ainda são conectados como nós. Não se
engane, não é um filme de bichinhos falantes. A forma como a animação lida com
a tecnologia é tão natural que nem ao menos percebemos, porque já agimos assim.
O ponto mais visual, talvez seja o fato de que Judy não carregava uma lanterna
em momento algum, ela usava o flash de seu celular. O filme reproduz o nosso
comportamento social e também nossos vícios eletrônicos. [Logicamente, não
poderiam faltar as piadas como “Zuber” (Uber) e “Zoozapp” (Whatsapp).]
A dublagem nacional com
certeza não é algo para se preocupar. Embora não brilhantes, Rodrigo Lombardi e
Monica Iozzi não comprometem em nada a qualidade do filme. Muito embora a
dubladora tenha mostrado uma certa dificuldade em reproduzir sons de choro, os
dois não chegaram nem perto de ser um desastre (como promete ser a dublagem de Mogli, o menino lobo).
Depois de tanto
falatório, não poderia achar o filme menos do que excelente, um trabalho digno
de Walt Disney. Um conto de fadas fabuloso e moderno, que fala muito sobre nós
mesmos e também sobre os sonhos que deixamos de tentar conquistar por medo de
fracassarmos. O brilhantismo da animação e o estudo para que conseguissem
trabalhar com personagens em escalas reais é apenas um mero detalhe, uma cereja
no bolo magnífico que é Zootopia.
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